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A marginalidade e a exclusão social coexistem com o esplendor explosivo das redes sociais

Diante do cinismo do poder político, que não se deu conta de seu papel de representação da vontade popular — após anos de uma assistência passiva ao que fazem políticos e administradores com a coisa pública sem qualquer respeito às suas finalidades republicanas —, o poder social se manifestou nas ruas como um gigante que acorda de longo período de sono.

Após os anos de chumbo, o povo aguardou ansioso que os homens que haviam sido alijados da vida pública por um regime de exceção tivessem voltado ao poder não apenas para restabelecer a democracia, mas para resgatar a confiança popular. Contudo, ainda não apareceu a liderança capaz de seduzir, unir e levar o Brasil ao lugar que o povo e sua privilegiada natureza desejam.

O mundo globalizado em que se vive está em movimento e em constante mútua influência. Após a queda do Muro de Berlim, muitas primaveras se multiplicaram para combater as desigualdades sociais herdadas das gerações excludentes dos regimes de exceção. A marginalidade e a exclusão social coexistem com o esplendor explosivo das redes sociais, gerando na classe média emergente consenso negativo em razão das privações, violências e atos de corrupção que agravam a cada dia a miséria do povo trabalhador.

Frente, portanto, às carências nos setores essenciais de saúde, educação, transporte, e, sobretudo, de confiança no setor político, o povo reage ocupando as ruas clamando por mudanças. A mentira e a falta de coragem com que os dirigentes políticos têm tratado os temas agendados podem servir para agravar a descrença popular e aumentar o tom dos protestos.

É chegada a hora de os responsáveis pela administração pública e representação popular retirarem suas máscaras de hipocrisia, fazer uma confissão, como sugeriu — mas não fez — o prefeito do Rio, e como penitência dar início a uma profunda mudança na relação com a coisa pública e com a sociedade, investindo na honestidade na execução do orçamento, priorizando a pauta exigida pela população nas ruas.

PorSiro Darlan, Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia

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