Pular para o conteúdo principal

Os partidos políticos devem buscar outros rumos e novas formas de fazer política após a manifestações do povo nas ruas do Brasil

Os jovens, na atual conjuntura, em busca de verdades e utopias, exigem uma ruptura urgente da sociedade brasileira, como se não houvesse amanhã, quando se observa que a voz das ruas é contaminada pelas passeatas. Perceberam que os políticos acreditavam mais em regras do que em princípios. Agora restam somente os movimentos de ruas para compor e recompor novos desafios. Não é um software que baixaram das redes sociais e instalaram para criar uma solução da crise do envelhecimento da política, diante do silêncio e incompreensão dos poderes públicos. De repente, deixam que as ruas possam decidir o mundo carregado de sonhos, na paisagem que trazem os inúteis disfarces de partidos políticos, adversos da representatividade das culturas de diferenças. O quadro parece não ter vida, diante de tanto descuido das feridas sociais, que deixaram cicatrizes para alimentar a ilusão de democracia, fora da zona de conforto da realidade social. Os jovens sepultam o falso, percebem que existe um destino, mas nenhum caminho, mesmo que a irracionalidade apele para ilusão como ideia de felicidade.

O conservadorismo e envelhecimento dos partidos políticos insistem em sedimentar as vantagens sociais com alternativas absurdas, entrando na ordem social de educação e legitimando a exclusão, usando o recurso da ilusão das várias copas como o circo dos romanos e os supérfluos das despesas superfaturadas na construção das arenas futebolísticas. Não existe preferência para lidar com as crises e aprender com elas. Com palavras de mudanças e bandeiras, os jovens, querem ordenar as coisas da vida com ajuda de uma mão segura, conectado a uma realidade que não seja silenciosa. Em resumo, a juventude procura uma saída num ciclo infinito de protestos, que silencia todos os poderes. Vai acontecer algo na sociedade brasileira?

Ao apresentarem o novo, os jovens guardam seus sonhos e emoções nos cartazes, com visões de lisuras, de angústias para debater as irrealidades disfarçadas em progressos. Percebem, contudo, que muitas vezes os noticiários deformam a realidade e não revelam o desacerto das tramas ineficientes do jogo do cotidiano político, que legaliza o inaceitável, colocando em pauta os espíritos do grupo e o silêncio ausente das demandas da massa. Será que poderemos construir uma democracia com os partidos políticos que aí estão? Como elaborar uma reforma política que venha criar e fortalecer verdadeiros partidos políticos e não legendas de alugués? E os mensalões e enrequecimento ilícito de muitos gestores públicos e seus familiares? Em nome da democracia, deveremos tolerar a corrupção existente no país?

A voz alta é muda quando se quer tirar vantagem de qualquer coisa que aconteça. Naturalmente, todos os cupins sociais vão roendo nossa confiança em silêncio e incansavelmente, até que ela de repente desaba no pó, sem que os agentes sociais permitissem identificar as suas reais necessidades. Vivemos em tempos cínicos, quando se percebe que a grande vitória é aumentar a pressão pela obediência e, ao mesmo tempo, elevar a consciência dessas obediências. Na exuberância de maldades dos atos políticos ainda sobram sonhos de uma massa que segue sozinha, amortalhando ilusões e argumentos, querendo fugir para deixar de ser disfarce, contendo a atrofia e experiência de desejos verdadeiros, sentimentos de paraísos perdidos em buscas de medidas para o distanciamento da inquietude sem fim. Num país com inúmeros partidos políticos, para onde caminha esta massa desassistida?

O pronuncimanto da presidenta Dilma Rousself deixou claro que existe uma grande fenda entre o discurso político e os desejos desta massa desassistida. As exigências não parecem ser muitas. Acabar com a corrupção vergonhosa e acintosa e destinar estes desvios indevidos em educação, saúde e segurança. Em resumo, esta massa desassistida não está exigindo muito, a não ser um mínimo de ética política e garantias de seus direitos humanos, já garantidos pela constituição brasileira. Se os poderes constituídos e os partidos políticos não tiverem condições de levantar esta bandeira, todos igualmente, e oferecer isto a sociedade brasileira, que no momento tem a sua voz ouvida no mundo inteiro, depois de centenas de anos, estaremos diante de tamanha vil torpeza, vivendo nos piores dos mundos, onde o cinismo dos poderes públicos continua disfarçando o seu apodrecimento.

Por João Luiz Fonseca dos Santos, professor da Universidade Federal da Paraíba e José Rodrigues Filho, professor da Universidade Federal da Paraíba.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colunista do Globo diz que Bolsonaro tentará golpe violento em 7 de setembro. Alguém duvida?

Em sua coluna publicada neste sábado (11) no  jornal O Globo , Ascânio Seleme afirma que, "se as pesquisas continuarem mostrando que o crescimento de Lula se consolida, aumentando a possibilidade de vitória já no primeiro turno eleitoral, Jair Bolsonaro vai antecipar sua tentativa de golpe para o dia 7 de setembro".  I nscreva-se no Canal  Francisco Castro Política e Econom ia "Será uma nova setembrada, como a do ano passado, mas desta vez com mais violência e sem freios. Não tenha dúvida de que o presidente do Brasil vai incentivar a invasão do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. De maneira mais clara e direta do que em 2021. Mas, desde já é bom que ele saiba que não vai dar certo. Pior. Além de errado, vai significar o fim de sua carreira política e muito provavelmente o seu encarceramento", afirmou Seleme.  O colunista lembrou que, "em 7 de setembro do ano passado, Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de canalha, disse que n...

Tiraram a Dilma e o Brasil ficou sem direitos e sem soberania

Por Gleissi Hoffimann, no 247 Apenas um ano após o afastamento definitivo da presidenta Dilma pelo Senado, o Brasil está num processo acelerado de destruição em todos os níveis. Nunca se destruiu tanto em tão pouco tempo. As primeiras vítimas foram a democracia e o sistema de representação. O golpe continuado, que se iniciou logo após as eleições de 2014, teve como primeiro alvo o voto popular, base de qualquer democracia e fonte de legitimidade do sistema político de representação. Não bastasse, os derrotados imediatamente questionaram um dos sistemas de votação mais modernos e seguros do mundo, alegando, de forma irresponsável, “só para encher o saco”, como afirmou Aécio Neves, a ocorrência de supostas fraudes. Depois, questionaram, sem nenhuma evidência empírica, as contas da presidenta eleita. Não faltaram aqueles que afirmaram que haviam perdido as eleições para uma “organização criminosa”. Essa grande ofensiva contra o voto popular, somada aos efeitos deletérios de ...

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...