Pular para o conteúdo principal

A democracia fica maculada quando algum de seus protagonistas é preconceituoso

Por Janguiê Diniz, Mestre e Doutor em Direito - Fundador e Acionista Majoritário do Grupo Ser Educacional

Mais uma vez a política brasileira ganha o foco negativo nas manchetes dos jornais. Declarações polêmicas que incitam o preconceito homossexual e racial, vídeos pedindo senhas de cartões de banco dos fiéis e protestos na tentativa de uma possível renúncia. Essas são as notícias que envolvem o nome do Deputado Federal do PSC, Marco Feliciano.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, pastor da igreja Assembleia de Deus Catedral do Avivamento e eleito pelo povo. Marco Feliciano publicou em seu twitter, que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato'' e completou escrevendo que "a maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas''.

Revolta, manifestações da população e atraso nos trabalhos de uma comissão que tem atribuições constitucionais e regimentais de receber, avaliar e investigar denúncias de violações de direitos humanos e que, assim como todas as outras comissões, tem papel importante para o país.

Em meio a tudo, ficou decidido que Marco Feliciano continua na presidência da Comissão, já que o mesmo foi eleito pelo voto democrático de mais de 200 mil eleitores e tem ficha limpa. Não podemos aqui esquecer que, no Brasil, se vive em uma democracia - ou pelo menos na formação de uma democracia, no melhor sentido da palavra. Somos um Estado Laico e temos garantido a liberdade de cultos e religiões, bem como a liberdade de expressão. Contudo, junto a isso se deve incluir a tolerância. Sem esta, não existe democracia.

É importante não confundir o político com o pastor. Contudo, se faz mais importante ainda que o próprio deputado saiba fazer esta diferenciação. Como deputado, ele se tornou uma pessoa pública e que deve medir palavras. Nesta situação, o desrespeito e a ignorância são as palavras que resumem o comportamento de um representante que foi eleito pelo povo para presidir uma comissão que trata exatamente dos Direitos Humanos.

As condições sub-humanas de vida que parte do povo africano vive não podem ser julgadas como castigo. Se pensarmos assim, todas as tragédias brasileiras decorrentes das chuvas ou da falta delas devem ser encaradas da mesma forma. O povo africano, e qualquer outro povo, são dignos de apoio e ajuda mundial.

Os comentários do deputado foram infelizes. Mas, para finalizar, vale ressaltar que a democracia propriamente dita, é, entre outras coisas, saber respeitar os que pensam diferente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colunista do Globo diz que Bolsonaro tentará golpe violento em 7 de setembro. Alguém duvida?

Em sua coluna publicada neste sábado (11) no  jornal O Globo , Ascânio Seleme afirma que, "se as pesquisas continuarem mostrando que o crescimento de Lula se consolida, aumentando a possibilidade de vitória já no primeiro turno eleitoral, Jair Bolsonaro vai antecipar sua tentativa de golpe para o dia 7 de setembro".  I nscreva-se no Canal  Francisco Castro Política e Econom ia "Será uma nova setembrada, como a do ano passado, mas desta vez com mais violência e sem freios. Não tenha dúvida de que o presidente do Brasil vai incentivar a invasão do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. De maneira mais clara e direta do que em 2021. Mas, desde já é bom que ele saiba que não vai dar certo. Pior. Além de errado, vai significar o fim de sua carreira política e muito provavelmente o seu encarceramento", afirmou Seleme.  O colunista lembrou que, "em 7 de setembro do ano passado, Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de canalha, disse que n...

Tiraram a Dilma e o Brasil ficou sem direitos e sem soberania

Por Gleissi Hoffimann, no 247 Apenas um ano após o afastamento definitivo da presidenta Dilma pelo Senado, o Brasil está num processo acelerado de destruição em todos os níveis. Nunca se destruiu tanto em tão pouco tempo. As primeiras vítimas foram a democracia e o sistema de representação. O golpe continuado, que se iniciou logo após as eleições de 2014, teve como primeiro alvo o voto popular, base de qualquer democracia e fonte de legitimidade do sistema político de representação. Não bastasse, os derrotados imediatamente questionaram um dos sistemas de votação mais modernos e seguros do mundo, alegando, de forma irresponsável, “só para encher o saco”, como afirmou Aécio Neves, a ocorrência de supostas fraudes. Depois, questionaram, sem nenhuma evidência empírica, as contas da presidenta eleita. Não faltaram aqueles que afirmaram que haviam perdido as eleições para uma “organização criminosa”. Essa grande ofensiva contra o voto popular, somada aos efeitos deletérios de ...

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...