O trabalho consome a maior parte da vida de cada brasileiro, para isso não existe nenhuma dúvida, muito embora existam pessoas que não tem como hábito utilizar o tempo com trabalho. A necessidade de produzir, de fazer algo produtivo e que proporcione algum retorno de natureza financeira ou de outro tipo, faz parte do cotidiano de grande parte das pessoas. Muitos sacrificam o lazer, o estar com a família ou diversão para está no trabalho, em reuniões de natureza política, social ou religiosa ou até mesmo em um segundo ou terceiro trabalho remunerado porque um único trabalho não é suficiente para atender as necessidades de compras e outros tipos de gastos.
A verdade é que ao longo das últimas décadas, o brasileiro tem trabalhado menos em termos de horas utilizadas no ambiente de trabalho, e certamente tem sobrado mais tempo para o lazer. Será que as pessoas tem tido mais lazer? De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por amostragem domiciliar realizada pelo IBGE, nos anos de 1992, 2001 e 2009 o percentual de pessoas que trabalhavam até 44 horas por semana no Brasil (todos os trabalho, seja remunerado ou não) foram 58,3%, 59,0% e 68,2%, respectivamente. Portanto, o percentual daquelas pessoas que trabalham mais do que é determinado pela Constituição (44 horas semanais) vem caindo.
O IPEA realizou uma pesquisa na qual solicitava que o entrevistado informasse, entre várias outras informações, se quando estava fora do ambiente de trabalho conseguia se desligar totalmente do trabalho. Segundo as informações obtidas nessa pesquisa, 54,6% das pessoas conseguem se desligar totalmente do trabalho quando estão fora do horário de trabalho, enquanto que 45,4% não conseguem. Outra questão abordada foi se o entrevistado possuía algum outro compromisso além do emprego principal. Nesse caso, 29,7% dos entrevistados afirmaram que tinha algum outro compromisso: atividade religiosa, política, estudos, trabalho voluntário, outro trabalho remunerado, etc. É interessante observar que 6,2% informaram que possuíam mais de um emprego.
Foi perguntado também se o entrevistado achava que o tempo livre vem diminuindo em razão do trabalho. Nesse caso, 37,7% responderam que o tempo gasto no trabalho tem causado uma diminuição no tempo livre, enquanto que para 62,3% acham que o trabalho não tem afetado o tempo livre. Ao mesmo tempo, 39,5% afirmaram que o tempo gasto no trabalho afeta negativamente a qualidade de vida, enquanto que para 60,5% acham que não, que a qualidade de vida não é afetada pelo trabalho. Mais da metade não se importa de tirar um pouco do tempo livre para se dedicar ao trabalho. São 51,2% dos entrevistados que não tem reação negativa em utilizar uma parte do tempo livre para ser usada em atividades relacionadas com o trabalho, enquanto que 48,8% não gostam de utilizar o tempo livre para tratar de assuntos relacionados do trabalho.
O trabalho faz parte do nosso cotidiano e ao exercermos as nossas atividades devemos fazê-las com o sentimento de que não se trata de um castigo ou algo pejorativo. Evidentemente que existem muitos ambientes de trabalho que não são mil maravilhas, mas devemos fazer sempre o melhor com o menor esforço possível. A tecnologia, o conhecimento e a experiência existem para isso: para fazer do trabalho algo que possa se assemelhar com momentos de lazer, embora as cobraças de praxe estejam presentes quase que cotidianamente. Os números mostram, conforme visto acima, que o tempo médio que as pessoas ficam no trabalho vem diminuindo, entretanto as pessoas vem assumindo outros compromisso, além do trabalho, que podem levar atém mesmo a diminuir o tempo de lazer. A vida deve ser regrada, com certo equilíbrio entre trabalho, outros compromissos, lazer e família.
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