A dependência dos meios de transportes para o desenvolvimento e o progresso do país é indiscutível e são altamente relacionados em termos de eficiência e produtividade. A infraestrutura em transporte é uma das pré-condições para o crescimento econômico e os próprios investimentos em transporte (rodoviário, aquático, ferroviário, aéreo, etc.) elevam a capacidade de geração emprego e renda para muitas camadas da população pelo efeito multiplicador da renda que envolve vários setores da economia. Mas, muito mais importante do que isso, um país com uma boa estrutura de transporte tem custos de produção e escoamento mais baixo, a produtividade dos fatores de produção é mais alta, resultando no aumento da renda e na diminuição dos preços. Assim, todos saem ganhando quando se tem grandes investimentos nos meios de transportes no país, tanto nas rodovias, portos, aeroportos, ferrovias e nas ruas e avenidas das cidades brasileiras.
Por razões de falta de recursos públicos por conta das crises internas e externas interminais vividas no período e pela falta de perspectivas de crescimento na economia brasileira, o período de 1984 a 2005 levaram à falta de investimentos públicos e privados em transporte no país o que levou a uma crescente diminuição na qualidade e quantidade de serviços de transportes no país. Muitos meios de transportes ficaram sucateados, como o caso do ferroviário, muitas estradas ficaram quase que intransitáveis e as principais cidades do país ficaram com a capacidade de absorção de veículos em suas ruas totalmente esgotada. A partir da estabilização da nossa economia obtida com a redução drástica das taxas de inflação e da estabilização do Real, após passar por várias crises, o país se voltou para a malha de transportes em seus vários modais.
Os investimentos em rodovias tem sido realizados majoritariamente com recursos públicos, muito embora a partir da segunda metade da década de 1990 vários trechos passaram para a responsabilidade do setor privado por meio de concessões. Existe a estimativa de que o setor privado esteja interessado em 15% da malha rodoviária do país, somando as áreas já concedidas e as que estão programadas para serem leiloadas. Os 85% restantes da malha rodoviária do país deverão ser de responsabilidade direta do setor público, seja da União ou dos Estados. Uma parte dos que não entrarão nas concessões poderão ser entregue ao setor privado por meio de contratação de parcerias público-privado, mas não se tem a estimativa do quantitativo que poderão entrar nesse programa.
Nos últimos anos, os investimentos no setor de transporte aumentaram significativamente. No período de 2003 a 2010, os investimentos no setor aumentaram 200% em termos reais, passando de R$ 7,0 bilhões para R$ 23,4 bilhões. Sendo que 60% desse valor investido no último ano foram destinados ao modal rodoviário que precisa de muito mais investimento para que possa proporcionar trafegabilidade adequada. Existem estimativas de que são necessários investimentos anuais nas rodovias brasileiras de cerca de 2,0% do PIB brasileiro, atualmente estão em 0,42%. Esses investimentos estão sendo feitos pelo governo e pelas empresas concessionárias. No modal aeroviário, apesar do forte crescimento da demanda oriunda, principalmente do aumento da renda média dos brasileiros, os investimentos ainda são bastante baixos e de origem majoritariamente do setor público. Nos últimos meses teve-se a concessão de três aeroportos, o que nos leva a acreditar que os investimentos nesse modal apresentem melhora significativa nos próximos anos.
Quanto ao modal ferroviário, os investimentos em manutenção e modernização tem ficado a cargo quase que integralmente do setor privado enquanto que os de expansão tem ficado sob a responsabilidade do governo. O investimento anual do setor público tem girado em torno de R$ 2,9 bilhões enquanto o governo investe, em média, R$ 2,5 bilhões anuais. Os investimentos no modal hidroviário tem ficado em torno de R$ 2,8 bilhões por ano, tendo as participações do setor público e do setor privado em partes quase iguais. Aqui entram algumas empresas estatais com investimentos substanciais.
Os dirigentes brasileiros, sejam eles do governo federal, dos governos dos estados ou das prefeituras, devem ter em mente que a infraestrutura de locomoção de pessoas, bens e produtos deve ser a mais adequada possível. Para que se produza e se viva com eficiência e bem estar é necessário que o custo em termos de tempo, dinheiro e conforto nos deslocamentos seja o menor possível. É impossível imaginar que o país possa ter uma grande produtividade sem uma malha rodoviária, ferroviária, aeroportuária, hidroviária adequada. Além disso, o tráfego nas cidades deve ser mais rápido, mais seguro e menos estressante do que se tem atualmente. Para tudo isso, são necessários investimentos pesados tanto do setor público como do setor privado. Os responsáveis devem se habilitar a cumprir com as suas responsabilidades.
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