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A inflação custa mais ao Brasil que o próprio aumento de preços

Dentre as várias outras preocupações que o governo brasileiro possui, a inflação é certamente uma em que as atenções estão sempre voltadas para evitá-la ou pelo menos atenuá-la. Dadas as décadas em que o aumento de preços era constante e em ritmo acelerado, todos os cuidados das autoridades objetivando controlar esse problema tão nocivo à sociedade são louváveis e devem ser apoiados. O que o governo tem feito para controlar a inflação? Quais os principais fatores que atualmente afetam os preços da nossa economia? Qual a importância dos produtos e serviços na composição da inflação?

O aumento de preços é determinado por diversos fatores tais como aumento da procura, aumento dos custos de produção, diminuição da oferta, entre outros. Por outro lado, também pode ocorrer uma diminuição nos preços, deflação, que pode ser determinado por um aumento na produtividade, aumento na oferta, isso ocorre muito com produtos agrícolas, ou outros fatores. Entretanto, dadas as vezes em que já ocorreu e a perversidade que afeta às pessoas, a grande preocupação da maioria das pessoas é com a inflação. Uma grande preocupação do governo é medir a inflação que seja a mais próxima possível do real aumento dos preços de acordo com o que as pessoas compram. Para isso, é necessária uma medida que abranja um grande número de pessoas e com que, em média, essas pessoas gastam a renda por mês.

Para se aproximar da realidade, o governo escolheu como medida oficial de inflação a que é medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo IBGE e que abrange famílias que ganham até 30 salários mínimos em dez regiões metropolitanas e a cidade de Goiânia. Além disso, periodicamente são realizadas pesquisas para verificar como essas famílias gastam a renda obtida em cada mês (Pesquisa de Orçamento Familiar). Com essa informação, os pesquisadores realizam coletas de dados no comércio e nos demais estabelecimentos que realizam vendas de produtos ou serviços para os consumidores. Com as informações de preços obtidas na pesquisa em campo e com o peso de cada um dos itens no orçamento das famílias e por meio de cálculos se obtém a inflação para o período medida pelo IPCA.

O IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) recentemente realizou um trabalho onde apresentou a variação dos preços dos produtos e serviços medida pelo IPCA nos últimos anos. De acordo com esse estudo, que agrupou a composição dos produtos e serviços em alimentos e bebidas (com peso de 22,3%), serviços (com 23,0%), monitorados (com 31,5%) e industrializados (com 23,1%), de 2000 a 2010 a inflação somente ultrapassou a meta estabelecida pelo governo em 2002. Desde 2005 que a meta da inflação é de 4,5% com tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima e para baixo nesse ano e de 2 pontos percentuais nos outros anos.

Os produtos industriais que em 2001, 2002 e 2004 foram superiores à meta de inflação, desde 2005 vêm apresentando aumento de preços sempre inferior ao centro da meta. Os monitorados, que são basicamente serviços públicos que foram privatizados, tais como telefonia, água, energia, transportes públicos, tiveram comportamentos bem diferentes de 2000 a 2005 e de 2006 até o momento. No primeiro período, o aumento dos preços foi sempre superior ao da meta de inflação e no segundo período, sempre inferior. O principal motivo dessa mudança no comportamento dos preços desses serviços foi a alteração do método de reajustes das tarifas acordado quando da privatização. Essa mudança levou a aplicação de índices mais adequados para a realidade tais como a utilização de planilhas de custos, entre outros. Os serviços em gerais tiveram um comportamento mais compatível com a banda superior da meta de inflação durante os últimos dez anos, tendo ultrapassado esse limite somente em 2010. O comportamento de alimento e bebidas nos últimos onze anos tem variado muito, desde os 20,7% em 2002 a um aumento de 1,7% em 2006.

Controlar a inflação é fundamental, entretanto, não se deve esquecer do crescimento da economia e geração de renda e riqueza em nosso país. Fatores como a taxa de câmbio que nos últimos anos tem se mantido abaixo do que se pode considerar como adequado se por um lado tem ajudado a segurar o aumento dos preços, por outro tem impedido a economia de crescer mais fortemente, notadamente em razão do entrave no aumento das exportações e do aumento das importações de bens e serviços de consumo. Além disso, com os juros astronômicos que o Brasil está praticando atualmente para segurar a inflação têm corroído as finanças públicas e inundando o país de dólares que elevam significativamente os custos para o governo brasileiro. Essa política precisa de mudanças que levem à moderação da inflação, ajuste da taxa de câmbio para um patamar que não prejudique os exportadores brasileiros e diminua o custo brutal que o Brasil está tendo no momento com as reservas em moedas estrangeiras que não param de crescer.

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