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Até quando brasileiros morrerão em tragédias naturais?


Um país com dimensões tão grandes, com tantas áreas que poderiam servir para construção de moradias seguras não pode sofrer tantas tragédias em conseqüência de quantidade de chuvas maior do que o habitual. Nos últimos tempos, tem havido uma incidência muito grande dessas tragédias em que milhares de pessoas são fortemente afetadas e centenas perdem as suas vidas. O que deve ser feito para evitar ou ao menos diminuir essas tragédias? É possível encontrar culpados, além da quantidade de chuvas muito maior do que o normal (como sempre se escuta das autoridades ao tentar justificar o injustificável), por essas tragédias?


É com muita dor, tristeza, agonia e revolta que assistimos essa tragédia que tem afetado impiedosamente vários municípios dos estados de Pernambuco e Alagoas. São famílias que perderam tudo do pouco ou muito pouco que possuíam. Além disso, o que é muito pior, dezenas de vidas foram perdidas por conta dessas chuvas que chegaram a destruir cidades inteiras. A destruição foi tão intensa que transformou ruas e residências em rios e lagos. O desolamento é semelhante ao verificado em tragédias ocorridas nos estados de Santa Catarina e no Rio de Janeiro, somente para lembrar os casos mais recentes em que muitas pessoas perderam suas vidas e a configuração de tragédia ficou nítida.


Em todos esses casos é possível evitar a intensidade da tragédia. Evidentemente que não é possível, pelo menos em curto prazo, evitar a magnitude das chuvas, mas é perfeitamente possível evitar que tanta destruição ocorra e, principalmente, vidas sejam perdidas por conta das chuvas. Existem meios sofisticados de previsão de incidência de chuvas, inclusive a intensidade e período, e em quais localidades irá chover mais e onde irá chover menos. Ao mesmo tempo, as autoridades municipais, estaduais e federais devem proibir que se construam residências ou prédios comerciais em locais próximos a margens de rios e córregos e em morros. A combinação de duas providências pode evitar chorarmos as perdas de vidas e o sofrimento de tanta gente por causa das chuvas: Utilizar de forma crível, séria e eficiente todas as técnicas disponíveis de previsão de chuvas e tirar todas as construções que fiquem próximas a rios ou em morros.


Essas providências cabem ao poder público que tem a obrigação de impor medidas duras para que essas histórias de dor não se repitam em outros lugares ou até mesmo onde já ocorreu no passado. A culpa pode ser creditada às autoridades que deixaram que fossem construídas habitações, comércios e outros tipos de construções em locais que não deveria existir. Pode-se argumentar que em muitos anos não ocorreu nada parecido com tanta chuva, mas quem vive em lugares próximo a rios e encosta de morros sabe que o perigo existe e em algum momento pode ocorrer o inesperado. Portanto, a culpa pode também ser creditada a quem vive nesses locais.


As autoridades devem impor por todos os meios e formas para que nessas áreas de risco sejam proibidas habitação ou qualquer tipo de atividade em que indivíduos sejam postos em perigo. Mas também devem proporcionar condições para que as pessoas possam continuar as suas vidas e as suas atividades sem nenhum problema em um local mais seguro. Tem que haver uma opção em que as pessoas não fiquem prejudicadas. A culpa das pessoas é muito relativa quando elas constroem suas residências nesses locais quando elas não possuem alternativas. É preciso que seja feito um levantamento de todas as áreas de riscos em todo o território brasileiro e já começar a tomar as providências. Nessa empreitada, necessariamente, os Estados, os Municípios e a União tem que se unir e buscar fazer um trabalho bem feito e eficiente.

Comentários

  1. Francisco

    Infelizmente esta realidade esta longe de ser extinta
    Nossos governantes estão mais preocupados com lucros do que ação social
    Como podemos conferir nesta tragedia que assolou Pernambuco e Alagoas, as cidas mais afetadas estavam a beira de rios, as cenas foram horríveis, mas é nesta hora que os governantes lembram de pedir mais dinheiro ao governo federal, mas, infelizmente foi tarde.
    Como relatou o governador de alagoas, alguns valores não foram repassados ao estado, por isso não puderam agir no campo social.
    Tudo isto é uma vergonha, um país que se diz estar próximo de estar entre os do primeiro mundo, não pode conviver com fatos como estes.
    Sabemos da imensidão de terras existentes, mas elas não podem ser utilizadas, visto que diversos corretores estão efetuando a venda para estrangeiros que visam os lucros de empreendimentos caríssimos e que não cabem no bolso dos menos favorecidos.
    Mudar esta realidade é um sonho de todo o quase todo brasileiro, quem sabe um dia este se torne realidade.
    Um forte abraço
    Mad

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  2. Saudações!
    Amigo FARNCISCO CASTRO:
    Mais um excelente texto que você nos apresenta, desta vez sobre uma situação tão delicada que em decorrência dos últimos acontecimentos nos estados de Alagoas e Pernambuco nos deixou com o coração deveras partido.
    Com sinceridade o que vou te dizer você não deverá gostar, eu acho que esse tipo de tragédia ainda vai acontecer durantes décadas. Os administradores públicos não elaboram projetos voltados para esta área, e quando fazem, é somente para atender a legislação vigente e branda, ou seja, tudo é para “funcionar” na teoria, assim, prevalece à vontade dos teóricos que geralmente coroam as pseudas ações massificadas com peças publicitárias a promoção pessoal, e não uma ação voltada para se resolver em definitivo uma situação que salta aos olhos, e o pouco que fazem os preços geralmente são os mais altos das Américas, o que é lamentável e triste.
    Essa é que é uma variante da realidade que conviveremos por muito tempo.
    Parabéns por mais um magnífico Post!
    Abraços,
    LISON.

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  3. Amigo Francisco ,
    esta é uma questão bastante complexa . Não podemos de maneira nenhuma culpar somente os governos . A população também tem uma parcela de culpa . Acho até que a maior parcela . Lembremos que uma das causas dessas tragédias tem sido o acúmulo de lixo nas encostas ( exemplo do rio de janeiro )e ocupação desordenada de áreas de risco , que não se resolve com leis nem decretos , mas com a "lei do bom senso " .

    abs
    Francisco

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  4. Eu concordo com o exposto. Tem muito o que ser feito para garantir mais segurança aos brasileiros. No entanto, eu tenho pensado muito em como o clima em todo o mundo mudou radicalmente. Chuvas torrenciais que levam cidades ao ponto de calamidade publica tem sido frequente e impiedosa com o planeta. Acho que temos culpa, em parte, das mudanças. A força da natureza não tem como ser contida, por isso mesmo, precisamos cuidar do nosso futuro com responsabilidade.

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  5. Olá amigo Francisco, realmente é chocante as notícias que temos recebido sobre tragédias provocadas pela natureza, não só aqui mas em todo mundo. Lendo uma retrospectiva sobre a região de Santa Catarina, tomei conhecimento de outras, ocorridas há tempos, mas que, com o passar do tempo a população tem aumentado nas regiões e os resultados também sempre são piores. Muitas pessoas, mesmo sabendo do risco, insistem ou não têm opções de escolha, e até alegam o direito de ir e vir, mesmo sob riscos. É difícil de resolver, mas o próprio homem está destruindo a resistência da natureza.

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  6. Caro Francisco Castro,

    Sou natural daquela região e posso te informar que como foi exposto acima, não há uma cultura ambiental por parte das autoridades locais, e muito menos com a população local.

    Infelizmente a cultura de projetos no Brasil não prioriza o objetivo final do projeto, mas tão somente em por as mãos no dinheiro a ser liberado.

    Lembro que quando criança ia pra escola com água na cintura. Isto implica em duas abordagens: a primeira, que há de fato condicionantes ambientais que levam as populaçções locais a sofrerem com tais fenomenos.

    E em segundo lugar, por que não há qualquer processo de planejamento territorial nessas localidades. Já veja o nível educacional do povo. É muito baixo. Em Alagoas os estudantes passam a maior parte do tempo ao Deus dará, pois não há ensino. As greves são mais cosntantes do que as micaretas.

    Como cobrar projetos ou engajamento de uma população dessas? São vítimas. Não apenas das intempéries, mas muito mais da ingerência administrativo.

    Por fim, cabe analisar o papel do governo federal, que faz mal uso do Ministério da (DES)integração nacional para distribuir grana por aí... AL e PE receberam quase nada. Afirmam ausência de projetos.

    Oras, se há uma ausência constante de projetos capazes de angariar as verbas necessárias, cabe ao governo estimular esta cultura. Não é o governo da indução? Do planejamento?

    Se as autoridades locais sentem dificuldade em apresentar bons projetos, então que se estimule a formação de elaboradores profissionais de projetos, prefencialmente junto aos órgãos locais de administração, bem como da sociedade civil organizada, para que não se crie uma nova indústria local.

    Outra questão é a total ausência de um grupo nacional de estudos de risco. Se há, cadê? As regiões tem suas particularidades, que devem ser estudadas e constantemente monitoradas.

    Enfim, é isso.

    Um abraço e obrigado pelo espaço.

    Bom domingo.

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