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O Brasil pode crescer mesmo com taxa de poupança baixa?


Como todos nós sabemos, os investimentos são os balizadores do crescimento e do desenvolvimento de uma nação e de um povo. Só pode existir crescimento se houver algum tipo de investimento que lhe dê sustento e respaldo. Não pode haver crescimento econômico se não há produção de máquinas, equipamentos, treinamento, formação técnica, meios de transportes (estradas, ferrovias, caminhões, trens, aeroportos, portos, etc.). Como e por quais meios esses bens, produtos e serviços podem ser adquiridos? O que pode viabilizar a produção e a compra desses itens se o governo, as empresas e os cidadãos possuem um nível de poupança significativamente baixo? O nível de poupança baixo pode inviabilizar os investimentos e, consequentemente, o crescimento econômico?


É importante definir de forma bastante simples como a poupança é formada. A poupança das pessoas vem da diferença entre o que ganham e o que gastam, a do governo vem da diferença entre o que arrecada e os seus dispêndios e a das empresas é exatamente as aplicações no mercado financeiro. Ou seja, se as pessoas passam a consumir de forma acentuada, as empresas passam a investir muito e o governo a gastar muito, então tem-se um nível de poupança muito baixo. Para algumas correntes do pensamento econômico, uma situação como essa com um nível de consumo alto e um nível de poupança baixo não se pode vislumbrar qualquer tipo de crescimento econômico por um prazo razoável. Além dos três tipos de poupança vistos acima, também existe a poupança externa que é constituída pelo déficit em transações correntes do país (exportações menos importações de bens e serviços) porque em caso de déficit o país estará consumindo mais bens e serviços vindos do exterior do que o exterior está consumindo esses itens do país.


Evidentemente que existem meios do nosso país crescer a taxas bastantes significativas mesmo não tendo um nível de poupança tão significativa como vários outros países. A máxima keynesiana de que a demanda faz a oferta é bastante verdadeira, notadamente em um país como o nosso com mão de obra em abundância e muita disposição para trabalhar e empresários ávidos para investir e produzir. O nosso país está com uma taxa de poupança em torno de 15% do PIB enquanto que muitos países asiáticos estão em torno com uma taxa de mais de 30%. Mesmo com uma taxa tão reduzida, o Brasil vinha crescendo a mais de 7% ao ano no momento em que a crise chegou. Para o próximo ano é esperado um crescimento de 6% e para os próximos anos taxas um pouco acima disso.


O crescimento pode ser obtido de forma sustentável sem prescindir de uma taxa alta de poupança prévia. Para isso são necessárias que algumas condições sejam atendidas plenamente. A taxa de juros deve ser bastante reduzida para que o governo não tenha que disponibilizar um valor muito alto para pagar os juros de sua dívida, os empresários não terem que pagarem uma alta taxa de juros e os consumidores não terem que pagar um valor muito alto de juros em seus financiamentos. A carga tributária deve ser reduzida e incidir mais sobre o consumo do que sobre a produção. Redução significativa na burocracia tributária, fiscal, de empréstimos e de abertura e fechamento de empresas. Fornecimento de infra-estrutura como estradas, energia, etc. E educação de alta qualidade. Com todas essas condições atendidas teríamos um país com um nível alto de crescimento e com o fornecimento da poupança que poderia ajudar na sustentação desse crescimento por muito tempo.

Comentários

  1. Caro Francisco,

    embora eu não seja um especialista em economia, acho que seu artigo está muito bem balizado. O Brasil as vezes costuma contrariar as regras e acaba dando certo. Acho que a carga tributária, principalmente em cima da mão de obra, ainda é o maior entrave para o nosso crescimento. Mas, apesar de tudo, acho que passamos bem pela crise.

    Abraços

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  2. O Brasil sempre pode crescer, o que estraga são os energéticos (políticos) que o pais vem ingerindo durante longos anos.
    Abraços forte

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  3. Caro amigo Francisco, parabéns mais uma edificante postagem..!!
    Bom muito esclarecedora, oqueeu achei interessante foi a diferença da porcentagem da txa de crecimento entre o Brasil em relação com os paises asiáticos, penso eu e gostaria de ter a opnião do amigo se a diferença notoria se dá pela diferença em relação ao custo da mão de obra bruta, ou por outros motivos?
    Bom apesar de não ser assusstador comparadocom outros paises da america do sul... tudopararece cooperar para o otimismo estou certo?
    Amigo graça e paz depois acompanho a réplica..!!!

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  4. ola amigo Francisco!
    Como sempre o seu artigo é muito enriquecedor ,e continuando o assunto estava lendo um artigo de João Fábio Bertonha em relação ao crescimento econômico do país onde ele disserta que para gerar o crescimento econômico é necessário investimento e o Brasil mesmo faz, não tem recursos para políticas sociais porque o Estado gasta em excesso para sua manutenção de forma aleatória . Ele também comenta que para evitar a estagnação e necessário avaliar o presente econômico e cita três trajetória possíveis . A paz ,fico no aguardo de sua opinião.

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  5. LISON.
    Saudações!
    Amigo Francisco Castro,
    Excelente Artigo!
    Penso que é possível sim, o Brasil continuar crescendo mesmo com uma reserva de poupança baixa, penso que tal fato leva as autoridades econômicas a serem muito mais criativos que as de outros países.
    Não sou conhecedor da matéria, mas, até onde sei, os volumes de reservas dos brasileiros com recursos no exterior é respeitável, assim, no momento que o governo brasileiro elaborar um projeto de Lei dando total anistia e incentivo para o montante de brasileiros que tem reservas financeiras em paraísos fiscais e demais países, incentivando-os a remanejar para o Brasil suas reservas, com certeza teriamos outros números na poupança, e isso faria uma grande diferença. O Brasil teria condições de atrair mais investimentos e os volumes permitiriam o país a dar velocidade em vários projetos que estão andando vagarosamente, além de conquistar uma posição invejável no ranking mundial.
    Parabéns pelo excelente texto!
    Ótimo Post!
    Abraços,
    LISON.

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  6. amigo Francisco
    apesar de não serespecialista em economia,eu acredito que sim

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