Pular para o conteúdo principal

As reservas em moedas estrangeiras são importantes para o Brasil?


Apesar de muitas economias que antes eram consideradas fracas e sem muita importância para a economia mundial estarem crescendo e passando a ter uma parte significativa do comércio mundial, muitos mercados formando blocos para facilitarem as suas transações e existirem muitas economias ricas com alto poderio político, econômico e militar, mas, ainda assim, as reservas cambiais possuem uma importância muito alta para a estabilidade, a credibilidade e a sustentação das economias, sejam elas ricas ou não. Entretanto, apesar de toda a sua importância, as reservas que o governo mantém fazem com que o país incorra em um custo significativo. Quais são esses custos? Em que sentido as reservas ajudam e atrapalham a nossa economia, o governo e o país?


Um dos fatores em que os agentes econômicos internacionais mais têm em consideração para determinar onde irão realizar os seus investimentos está relacionado com as reservas em moedas estrangeiras (principalmente dólares norte-americanos). Se um país possui uma reserva bastante alta, os investidores estrangeiros (e os locais também) encontrarão moedas estrangeiras com bastante facilidade para trocar pelos seus reais, a moeda em que os negócios são transacionados dentro do Brasil. Se houver uma crise na economia por qualquer motivo e os investidores quiserem tirar os seus investimentos do país não conseguirão realizar os seus intentos caso o país não tenha moeda estrangeira suficiente para trocar pelos reais dos investidores que quiserem sair do país. Neste último caso, certamente os investidores irão relutar em investir no país.


A contrário, um país que tenha uma reserva em moedas estrangeiras bastante alta, os investidores encontrarão mais tranqüilidade em realizarem as suas aplicações e investimentos, inclusive os agentes financeiros internacionais podem realizar empréstimos para as empresas e o setor público por uma taxa de juros mais baixa do que se o país tivesse uma reserva bem baixa. A grande questão é se o país que tem reservas baixas, havendo uma crise, essas reservas logo podem se exaurir, forçando a economia a realizar um empréstimo salvador ou realizar uma moratória. Esse último caso é devastador para qualquer economia, ficar com o rótulo de caloteiro não é ruim somente para as pessoas, para os países soam tão ruim ou pior. Agora, se o país tem uma alta taxa de reservas, mesmo se os agentes saiam em período de crises, as reservam podem suportar e não faltarão dólares para quem quiser comprar.


Entretanto, as reservas deixam um custo muito alto para o país que as mantém. Na verdade, podem ter custos e também podem haver ganhos. Os custos ocorrem quando o real de valoriza em relação ao dólar (com um real passa a comprar mais dólar) e também quando as taxas de juros da dívida interna é maior do que as taxas de juros no mercado onde as moedas estrangeiras estão aplicadas. Os ganhos ocorrem quando ocorrem desvalorização e as taxas de juros da dívida interna é menor do que a taxa em que as moedas estrangeiras estão aplicadas. Como os juros da dívida pública brasileira são sempre superiores aos juros norte-americanos, esse fator sempre faz com que aumente os custos das nossas reservas. Quanto à taxa de câmbio (preço de uma moeda em relação à outra), as reservas brasileiras tiveram um ganho R$ 171,00 bilhões em 2008 por causa das desvalorizações cambiais ocorridas naquele ano, entretanto, até agosto de 2009, as valorizações deram um prejuízo para o país de R$ 112,00 bilhões. Evidentemente, se somarmos os custos dos diferenciais de juros, os ganhos do ano passado foram muito menores e as perdas deste ano muito maiores. Os juros são importantes porque o governo compra os reais que repassa aos donos de dólar no mercado interno por meio de títulos da dívida pública, pagando os juros da dívida do governo.


Existe sempre a discussão a respeito das reservas em moedas estrangeiras que um determinado país deva manter. Embora existam custos significativos intercalados com ganhos razoáveis, ter reservas em grande magnitude é sinal de segurança, prestígio, respeito, créditos externos mais baratos, mais investimento e muitos outros benefícios. Os custos podem ser extremamente reduzidos se o país consiga manter a economia estabilizada, sem nenhuma surpresa de última hora e taxas de juros internas a níveis civilizadas. Caso consiga fazer isso, o nosso país terá muitos ganhos, a nossa economia terá muito mais progresso e a nossa população sairá fortalecida.

Comentários

  1. Saudações!
    Amigo Francisco Castro,
    Mais um extraordinário artigo que o amigo nos brinda. Particularmente penso ser de grande importância o Brasil, dispor de moedas estrangeiras.
    As reservas em moedas estrangeiras dão suporte a toda uma cadeia de riquezas e sinalizam que o Brasil, está sabendo operacionalizar seus custos internos. Uma das variáveis são as taxas de flutuações aplicadas pela taxa de câmbio, espelho em relação do custo de uma moeda relacionada à outra.
    Assim, temos os valores aproximados da oferta e demanda das moedas no mercado interno, e ou externo.
    É este grande sinalizador que atrai os agentes importadores e exportadores. No caso de exportações, os países tudo fazem para diminuir custos e aumentar a competição de seus produtos visando amealhar mais riquezas em moedas estrangeiras, e o Brasil não é diferente, incentiva subsidiando alguns produtos e protegendo outros, mas na sadia competitividade sempre alcança saldos positivos, razão para o nosso País, lutar para se fazer presente no mercado internacional e ser uma referência, assegurando mercados e produtos. Porém, é como você esclarece isso tem um custo.
    Ter moedas em reservas técnicas é ter liquidez, elasticidade e desenvoltura junto a qualquer país do mundo, enquanto o capital mobilizado, em crise, assegura somente um bem e valor que no caso de uma crise econômica encontramos outros valores, -geralmente muito menores- um mero produto sob a lei da oferta e da demanda.
    São essas as razões que me levam a pensar sobre a importância de o Brasil continuar a ter reservas em moedas estrangeiras.
    Parabéns pelo excelente texto.
    Abraços,
    LISON.

    ResponderExcluir
  2. Meu querido amigo Francisco, que texto fascinante, sempre lendo os seus texto aprendi a olhar a síntese econômica com mais gosto e apreço pela forma motivacional
    Como o amigo consegue simplificar assuntos complexos do gênero, como a das reservas internas, realmente para mim foi uma novidade em aprender e entender os riscos de investidores estrangeiros correm ao colocar suas expectativas finanças em um país como o Brasil, nunca tinha olhado nessa ótica como a amigo explana, fico feliz de ver o amigo repassando informações valiosas para nós, de uma maneira simples rsrsrs.. parabéns por esse dom e conhecimento na área, agora realmente analisando pelo positivo acredito sim como você mesmo comentou no post do Erick e eu também que se Brasil continuar marchando no rumo que esta... teremos uma boa reserva para atrair mais investidores... Francisco.. Parabéns sempre é muito bom fazer as leituras em seu espaço que Deus continue abençoando a amigo e abrindo oportunidades para o amigo exercitar seus conhecimentos para o bem de nosso país mesmo que seja de uma maneira indireta.. paz seja contigo e família!!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...

Ao contrário de parte da mídia brasileira, a mídia internacional destaca a perseguição ao ex-presidente Lula

Ao contrário dos jornais brasileiros, que abordaram em suas manchetes nesta quinta-feira 11 que o ex-presidente Lula atribuiu à sua mulher, Marisa Letícia, já falecida, a escolha de um triplex no Guarujá - que a acusação não conseguiu provar ser dele - veículos da imprensa internacional destacaram seu duro discurso ao juiz Sergio Moro, de que é alvo de uma "caçada judicial" e de uma perseguição na mídia. Os correspondentes estrangeiros focaram ainda nas declarações de Lula de que "não há pergunta difícil para quem fala a verdade", pedindo aos procuradores provas de que o apartamento é dele e chamando o julgamento de "farsa", como fizeram Associated Press, BBC, Reuters, Le Monde e Al Jazeera. Confira abaixo um balanço publicado por Olímpio Cruz, no  site do PT no Senado . O jornalista Fernando Brito, do Tijolaço,  também fez um balanço  mais cedo sobre a cobertura estrangeira. Imprensa estrangeira destaca Lula como vítima de perseguição Noventa...

Saiba quem é Ivar Schmidt, caminhoneiro que ficou rico durante o governo Lula, vota no PSDB e bloqueou estrada contra a Dilma

As entidades de classe dos motoristas fecharam um acordo com o governo e anunciaram que a greve, que permanece, seria na verdade um  lock-out (movimento dos empresários ).  O movimento seria patrocinado pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, que tem como presidente o empresário Nélio Botelho. Além de Nélio, a figura que emergiu como articulador das paralisações Brasil afora, via WhatsApp e à parte das organizações de classe, foi o empresário de Mossoró, Ivar Schmidt. Schmidt é presidente de uma pequena associação de empresários do setor de transportes. Ivar era caminhoneiro nos anos 90. No governo Lula, abriu uma pequena transportadora e com o crédito ao trabalhador se tornou um forte empresário do setor de transporte da região. Eleitor e defensor assíduo de Aécio Neves (PSDB) nas últimas eleições, Ivar junto com Tássio Mardony, vereador do PSDB,  e alguns empresarios e médicos lideraram a campanha do tucano em Mossoró. “É curioso destacar q...