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Estado, setor privado e sociedade: elos que se complementam


A participação e a intervenção do Estado na economia sempre foi contestada por muitas pessoas que imaginam a economia livre sem ser ditada pelo governo e sem as regras que não aquelas próprias do mercado. Na década de 1990, o Brasil passou por um período no qual o governo brasileiro era constituído praticamente de pessoas que pensavam dessa forma. Nesse período, quase todas as empresas estatais foram vendidas, muitas das quais por preço muito inferior ao valor verdadeiro. Na verdade, nessa época passou-se uma idéia para a população em geral que o Estado, as empresas estatais e os funcionários públicos eram sinônimo de desperdício, ineficiência e muito pouco poderia contribuir para o desenvolvimento e crescimento do país.


Evidentemente que algumas das empresas estatais vinham amargando prejuízo e o Estado estava totalmente sem recursos para a realização dos aportes de verbas que fossem suficientes para viabilizar essas empresas num mundo extremamente competitivo. Entretanto, foram vendidas empresas altamente lucrativas ou em um mercado altamente promissor como eram os casos da Vale do Rio Doce e as empresas de telefonia. Essas e muitas outras foram vendidas a preços muito baixos e muitos casos por meio de empréstimos baratos de bancos estatais brasileiros. A maior parte dos recursos das privatizações arrecadados serviu para segurar o aumento da dívida pública que estava crescendo muito em razão das altas taxas de juros praticados na época objetivando segurar os preços e a inflação e, conseqüentemente, o Plano Real. O país saiu vitorioso com o Real, mas a sociedade brasileira pagou um alto preço para isso com a perda da maioria de suas empresas estatais e ainda sendo obrigada a pagar uma carga tributária muito alta como herança desse período.


Felizmente, essa idéia de inutilidade do Estado está ficando para trás. Todos sabemos que é através do Estado que se resolvem os problemas das desigualdades de oportunidades por meio de educação, saúde, alimento, moradia, aposentadoria, segurança e uma infinidade de outras ações que levam as pessoas a terem condições de viver uma vida muito melhor do viveriam na somente na presença do mercado, com este regulando tudo e ofertando tudo. Em praticamente todos os países que lograram crescer de forma sustentada e se desenvolveram tiveram a participação efetiva do Estado em conjunto com um mercado muito atuante. A economia planejada de forma unilateral já nos mostrou que não funciona a longo prazo e nem leva ao desenvolvimento e ao progresso, mas se existir um processo com o Estado comandando e orientando o setor privado que não seja fraco pode produzir um aumento muito grande no bem estar das pessoas.


O setor privado pode investir em áreas altamente lucrativas e que elevem as rendas do trabalho, capital e do governo, pode investir em magnitude muito grande, é capaz de investir em inovações tecnológicas. O setor privado deve atuar nas mais diversas áreas, inclusive em áreas que o Estado atua diretamente como saúde e educação. O papel central do Estado é de orientador, de organizador, de atuar em áreas nas quais o mercado não oferta de forma suficiente, além de complementar atuação da iniciativa privada em áreas que achar conveniente elevar a concorrência. Uma das obrigações mais importantes do Estado é nos momentos de crises econômicas quando setor privado se sente inibido em sua atuação, o setor público deve atuar firmemente objetivando diminuir as turbulências econômicas e os efeitos destas para a sociedade.


A sociedade, o setor privado e o Estado formam um elo que devem sempre está junto, devem ficar sempre integrados e de forma harmônica sempre objetivando elevar o bem estar da sociedade. Um país com um Estado forte e com mercado fraco não pode haver uma sociedade com todas as suas necessidades atendidas. O mesmo deve ocorrer em um país com um Estado fraco e um setor privado forte. Entretanto, quando se tem uma Estado forte atuando de forma plena em conjunto e sincronizado com um setor privado também forte tem-se uma sociedade plenamente atendidas em suas necessidades e com um alto nível de bem estar. Para a sociedade ser forte necessariamente o Estado e o setor privado também devem ser fortes.

Comentários

  1. Saudações!
    Amigo FRANCISCO CASTRO,
    É mais um artigo que integra o tópico de seus inúmeros textos ricos em orientações, sempre trabalhados com esmero e fundamentos notáveis, dado ao seu extraordinário conhecimento.
    O meu olhar sobre a sua brilhante narrativa é de concordância, pois, são alianças que precisam estar fortalecidas e amparadas em perfeita sincronia das partes.
    É notório, e todos são conhecedores que algumas empresas foram realmente vendidas a preços nada descentes, digo até, abaixo de seus devidos valores. Porém, é importante ressaltar, que as mesmas a época, não estavam cumprindo o conjunto de medidas de leis, que regulamentavam suas ações, visto terem sido transformas ao longo dos tempos em cabides de empregos pelo próprio estado, ou seja, era o Estado canibalizando o próprio agente patrocinador e regulador. O próprio.
    Mesmo com a venda, a preços, hoje questionáveis, é importante que se registre que as mesmas só ganharam fôlego e rentabilidade, porque esse mesmo Estado continuou a patrociná-las com incentivos fiscais e promovendo-as, tanto no mercado interno quanto externo.
    Estimado amigo, Francisco Castro, é importante esclarecer, também, quer seja no Brasil ou na China, um industrial quando se decide a colocar seus recursos em alguma empresa estatal, é porque conta com as bênçãos dos governos em todos os seus níveis, foi assim ontem e ainda será assim pelos próximos decênios.
    Desse modo, a sociedade e o setor privado devem caminhar até encontrarem o profundo equilíbrio, que favoreça a ambos, na ausência, entra o governo, e para que isso ocorra o agente – Estado – torna-se o regulador das matrizes geradoras, com suas leis.
    Todas as vezes que leio alguns políticos de plantão se arvorar a dizer: , “que aquele ou esse governo é o que é melhor”, precisamos ter cautela, negociações houveram em todos os escalões, tanto a nível de oposição quanto situação.
    Um governo tem o poder de levantar uma Empresa o levá-la a falência. Basta querer, seja no Brasil, Korea, EUA, China, etc.
    Assim, concordo plenamente com você. E imprescindível manterem-se as alianças sempre mais fortes, iniciativa privada X sociedade.
    Governo perde quando quer.
    Parabéns pelo texto!
    Abraços!
    LISON.

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  2. Você tem razão: ainda bem que este tempo ficou para trás. Hoje temos uma das maiores tarifas de energia elétrica do mundo não obstante os recursos hídricos abundantes em nosso território e enfrentamos problemas na Vale, que não investe de forma conveniente no Brasil.
    O que antes acontecia era falta de investimento em empresas públicas, como foi o caso da Petrobrás, na qual forma feitos poucos investimentos e contratados funcionários terceirizado sem treinamento suficiente para operar usinas de beneficiamento de petróleo. Desta forma ficava justificada a privatização.
    Esperemos que estes tempos tenham passado.

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  3. Amigo Francisco,

    Nestes ultimos dias,vemos uma quebra de braços entre o governo e a Vale,que ao meu ver ,sua privatização foi um atentado contra o povo brasileiro,bem como a telefonia,cujos preços atuais são mais caros que na Belgica,que é o sinonimo de desenvolvimento,mas voltando ao caso da Vale,é uma afronta estarmos exportando nossos minérios á preço de banana,sendo que a exportação de produtos manufaturados renderiam ao pais uma remuneração muito maior,alem de geração de empregos aqui,chega á ser dificil de entender tamanha burrice,mas felizmente o governo está pressionando e graças á deus o governo anterior não conseguiu entregar a Petrobras,como queria fazer.

    Um forte abraço,amigo.

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  4. Olá, Francisco

    Também penso assim, que a sociedade, o setor privado e o Estado devem trabalhar separadamente, cada um exercendo seu papel, porém, se completando até formarem um elo que os une. E só assim o país terá uma população com suas necessidades e desejos atendidos, além de poder buscar mais melhorias. Esse é o caminho.

    Abraços.

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  5. Um certo intervencionismo deve haver com certeza, afinal o Estado deve regulamentar tudo que ai está, inclusive a economia e adotar padrões. O que não pode é fazer isto sem regras e sem normas, e mudar ao bel prazer do governante e ainda mais com inuito de beneficiar A ou B, inclusive em épocas próximas de eleições.

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  6. No meu entender o Estado e o setor privado estão juntos(elo) somente em negociações. Eu acredito que deveria ter mais parcerias e menos negociações.

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