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A economia brasileira no primeiro semestre de 2009


Em economia, os indicadores são muito importantes para se definir se uma determinada situação está boa ou ruim. Mas, nenhum indicador é tão importante quanto a taxa de crescimento do produto em um determinado período. Quando o produto cresce a uma taxa muito baixa ou a uma taxa negativa, ou seja, ao invés de aumentar o produto este diminui, muito outros indicadores são negativamente afetados. Taxa de desemprego, lucratividade das empresas, arrecadação do setor publico e muitos outros tendem a sentirem os efeitos de um produto que não cresce. Ao contrario, quando o produto cresce a taxas razoavelmente altas todos os outros fatores da economia sentem os efeitos e passam a ficar mais favoráveis.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente os números da economia brasileira do segundo trimestre de 2009 e consequentemente do primeiro semestre deste ano, haja vista que os números do primeiro trimestre já haviam sido divulgados anteriormente. De acordo com o IBGE, a economia brasileira cresceu 1,9% em relação ao primeiro trimestre deste ano, com a industria crescendo 2,1% e os serviços 1,2% ,isso levado pelo consumo interno que cresceu 2,1%. Ao comparar o segundo trimestre deste ano com o do ano passado (que é a forma que se utiliza para definir a taxa de crescimento da economia de um ano em comparação com o ano anterior) a nossa economia teve um crescimento negativo de 1,2%, onde a industria teve um crescimento negativo de 7,9%, a agropecuária teve um crescimento negativo em 4,2% e os serviços tiveram um crescimento positivo em 2,4%. Na comparação com o mesmo período de 2008, os consumos das famílias e do governo tiveram um aumento, respectivamente, de 3,2% e 2,2%.


Ao considerar o primeiro semestre de 2009 com o mesmo período de 2008, tem-se uma dimensão de quanto a economia deverá crescer nos próximos dois trimestres que terminam em dezembro deste ano para que o PIB brasileiro seja positivo em 2009. Os seis primeiros meses de 2009 tiveram um PIB negativo em 1,5% em comparação com os seis primeiros meses de 2008. Isso significa que a primeira metade deste ano deixou a economia 1,5% menos do que estava no mesmo período de 2008 em termo de produção da economia, onde produção significa produção industrial, agropecuário, serviços do governo, serviços em geral e exportações menos importações. Na comparação do primeiro trimestres deste ano com o do ano passado, tem-se uma taxa altamente negativa da industria que foi negativa em 8,6% ao passo que a produção da agropecuária diminuiu 3,0% enquanto que os serviços ficaram positivos em 2,1%.


Nos seis primeiros meses de 2009 a agropecuária contribuiu com 97,3 bilhões, correspondendo a 6,8% do PIB. A contribuição da industria para a economia nos primeiros seis meses de 2009 foi de R$ 306,2 bilhões, correspondendo a 21,25% do PIB. A contribuição dos serviços foi de R$ 833,51 bilhões, o que corresponde a 57,85% do PIB. Os impostos no período foram de R$ 203,79 bilhões, o que correspondem a 14,14% do PIB. Os números vistos nas linhas acima são pela ótica do produto, agora passaremos analisar pela ótica da demanda. Tem-se R$ 915,13 bilhões de consumo das famílias, o que correspondem a 63,52% do PIB. O consumo do governo foi de R$ 309,14 bilhões, correspondendo a 21,46% do PIB. Os investimentos foram de R$ 323,58 bilhões, correspondendo a 16,14%. O saldo das exportações com relação as importações foi de R$ 3,47 bilhões, 0,24% do PIB. Enquanto que as variações dos estoques ficaram negativas em 19,5 bilhões, -1,35% do PIB.


Esses números nos deixam aliviados e preocupados. O alivio vem do fato de que a taxa da queda da economia não foi como muita gente esperava e a duração foi menor do que o mercado previa. Entretanto, existe um desafio bastante grande que é levar a economia apresentar uma taxa de crescimento do PIB positivo para o ano de 2009 em comparação com o ano de 2008. Esse desafio é grande porque estamos no vermelho em termos de crescimento, embora tenhamos iniciado o processo de recuperação ainda em abril. Teremos nove meses de crescimento, crescimento com taxas crescentes, até o final do ano. Espera-se que nos dois próximos trimestres tenham níveis de crescimento muito superior ao que o IBGE acaba de divulgar, o que poderá deixar o PIB do ano de 2009 positivo e próximo de 1,0%. Certamente, se o governo tivesse agido com mais firmeza e com mais força a economia estaria crescendo muito mais. Entretanto, se comparado com o que muitas pessoas previam, estamos numa situação econômica muito favorável.

Comentários

  1. Às vezes o governo é mais cauteloso que deveria. Entretanto temos que considerar a preocupação com o passado recente. Agressividade nas ações pode ser perigosa. O Brasil conseguiu seus resultados principalmente com o mercado interno. E a aceleração deste mercado pode trazer inflação. É uma sinuca de bico.
    Esperemos que a recuperação seja rápida e alcancemos resultado positivo.
    Abraços.

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  2. Apesar de tudo os resultados foram bons. Acho que a diminuição dos impostos da folha de pagamento seria uma boa pedida para o momento.

    Abraços

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  3. Interessante perceber que os critérios rígidos adotados pelo BACEN foram criticados por todos os escalões governamentais até demonstrarem ter sido fundamentais para compensar o impacto da crise internacional que, por sinal, ainda não acabou.

    A fanfarronice presidencial é muito perigosa e definitivamente fazer projeções nesta altura do campeonato é exercício de chutometria aplicada.

    Os 70 mil novos servidores a serem contratados em 2010, os novos vereadores, os caças Rafale... será que nada disso vai fazer diferença?

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  4. Oi Francisco, ótima explicação!
    do que entendi, estamos indo bem...rsrs
    abs

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  5. SAUDAÇÕES!
    Amigo Francisco Castro!
    Acredito que o povo brasileiro haverá de superar mais este desafio.
    O que atrasa e compromete as conquistas do povo é o festival de gastança de muitos governantes que administram sem prioridades.
    Parabéns por mais um magistral texto!
    Abraços!
    LISON

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  6. Os resultados foram bons, mas a primeira coisa que o governo falou quando soube dos números que já pensa em rever as políticas de incentivos, como a redução de impostos e essa atitude pode levar a piora dos números nos próximos meses.

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  7. A ECONOMIA DO BRASIL ESTÁ BOA LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO QUE ESTÁ SAINDO DE UMA CRISE MAS VC ACHA QUE ESSA BOA MARÉ VAI DURÁ ATÉ QUANDO? E AINDA COMPRAMDO CAÇAS FRANSES.O BRASIL TEM QUE PENSAR EM INVESTIR E Ñ COMPRAR.O BRASIL TEM POTENCIAL PARA SE TORNAR UM PAÍS DESENVOLVIDO SÓ TEM QUE PENSAR.

    ABRAÇOS!

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  8. Olá amigo Francisco,

    Muito Obrigado pelo gentil comentário ao meu poema JOÃO PAULO II.

    Volte sempre, será um prazer!

    Gostei muito do seu blogue!

    Abraço e bom domingo.
    FrancK

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  9. O Brasil está se recuperando da crise econômica e ano que vem teremos números melhores. A marolinha do Lula foi mesmo uma marolinha, pois não afetou o país como no primeiro mundo. Abraços.

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  10. Caro amigo francisco, os dados são animadores o brasil depois da descoberta do pré sal.. e também por muitos outros fatores emergentes tem conseguido fazer façanhas...mas sempre é muito bom ficar na espreita,,, os olhos dos especuladores internacionais... sempre estão em nosso pais sempre com a faca na mão pronto para ser o primeiro a tirar a fatia.... amigo show de post.. como sempre descubro resultados brilhantes em suas postagens ... que são de uma extrema importancia... parabéns Francisco ... apz seja contigo ....!!!!

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  11. Olá Francisco,

    2010 promete, porém ainda há muito o que ser feito. O Brasil é um dos poucos países que driblou bem essa crise. Tomara que haja mais empregos e medidas que possibilitem a capacitação dos trabalhadores né?
    Abraços!!

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  12. Excelente post, esperamos mesmo um amior crescimento na economia no segundo semetre e que isto reverta também em mais emprego e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

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  13. Francisco,
    Como tenho dito sempre que venho aqui, continuo sem entender quase nada de economia, principalmente no que diz aos cálculos e estatísticas que avaliam a matéria, mas alegro-me com seus posts.
    Ouvir de um amigo que as coisas não estão tão ruins, podem e devem melhorar me soa melhor aos ouvidos do que ouvir do Ministro da Fazenda qualquer discurso que venha pronunciar.
    Sem querer justificar minha ignorância em economia, mas já justificando... rs... o "economenrolation" tão propalado desde do Delfim Netto tornou muita gente incrédula quanto ao destino do nosso país. Sou um deles.
    Cada vez que é anunciado um discurso do Ministro da Fazenda, a primeira coisa que me vem à cabeça é: "vão meter a mão no nosso bolso... de noooovoooo!

    Parabéns pelas avassaldoras notícias!

    Abraço do amigo,

    Antonio

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