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Eleições, democracia e internet

A democracia que é a melhor opção das formas de governo e de se viver que existem, se pratica com a liberdade de escolha, com a facilidade de se exercer essa opção e com pouco custo para quem pratica suas escolhas. O ponto máximo de nossa democracia acontece nas eleições que ocorrem a cada dois anos para se escolher os nossos representantes para o executivo e o legislativo das três instâncias de governo. Será que na prática a democracia está verdadeiramente presente quando existe um alto custo para se divulgar uma candidatura e por isso muitos potenciais candidatos são impedidos de participar dos pleitos? Será que a internet não poderia ampliar a nossa democracia?


A Câmara Federal acabou de aprovar uma reforma na legislação eleitoral (o Senado Federal terá que aprovar até setembro para valer para a próxima eleição) na qual a internet é autorizada como meio para as campanhas eleitorais, inclusive como instrumento de se arrecadar recursos para formar fundos para a campanha eleitoral. A utilização de site, blog, de redes sociais e outros meios eletrônicos antes de 05 de julho é permitida desde que o candidato não peça votos nas suas mensagens, apenas escreva o seu pensamento sobre determinados assuntos de interesses da população. A utilização explícita desses meios de comunicação para pedir votos e recebimento de recursos somente é permitida a partir da data mencionada acima. No caso das redes sociais, blogs e e-mails, as mensagens podem ser de iniciativa do próprio candidato ou de qualquer pessoa natural. Não será permitido o pagamento por espaços na internet para propaganda de candidatos, ou seja, a propaganda na internet por iniciativa de pessoa que não o candidato deverá ocorrer de forma espontânea e gratuita.


Não é permitida a veiculação de propaganda de candidato em sites ou blogs de pessoas jurídicas, de entidades ou de órgãos públicos mesmo que seja gratuita. As empresas de comunicação que possuem sites podem realizar debates com os candidatos, entretanto, esses debates devem seguir as mesmas regras que são impostas a rádio e à televisão. Evidentemente, é preciso que não haja abuso na utilização da internet porque todos estarão sujeitos à punição e algumas dessas punições são bastante severas.


Muitas pessoas, principalmente da imprensa, esperavam uma legislação muito mais liberal na qual se pudesse fazer de tudo na internet sem sofrer nenhum tipo de punição. Eles queriam fazer de tudo, por exemplo, denegrir a imagem de pessoas cujos eventuais atos fossem creditados a essas pessoas sem que houvesse a comprovação de autoria. Certamente, caso não houvesse um limite e a imposição de responsabilidade, poderia haver muitos abusos, somente porque algum ou alguns donos de sites com grande audiência não gostassem de determinados políticos. Disputa eleitoral exige muito mais do que isso, exige a isonomia e a igualdade de oportunidade na busca do voto dos eleitores. Evidentemente, esperava-se mais do que foi aprovado como por exemplo os candidatos e seus simpatizantes poderem utilizar a internet para propaganda explícita no período pré-eleitoral, mas o que foi aprovado é infinitamente melhor do que estava vigente até agora.


Alguns órgãos de imprensa dizem que a utilização de blogs e redes sociais está totalmente proibida de serem utilizadas pelos candidatos. Isso é totalmente mentira, conforme visto acima, isso é proibido apenas antes do período eleitoral, mas somente para pedir votos. Antes desse período, o pré-candidato poderá manifestar a sua opinião em entrevistas, artigos e mensagens que expressem a sua opinião sem, entretanto, pedir votos. O mesmo pode fazer outras pessoas, mencionado o pré-candidato também sem pedir votos para ele. A democracia exige liberdade de expressão mas com responsabilidade, ao liberar totalmente a internet iria causar um verdadeiro caos em muitas situações, por exemplo, se se criasse uma campanha para arranhar seriamente a imagem de um candidato provavelmente essa pessoa poderia ser linchada publicamente sem nenhum poder de reação. Sabemos que boa parte dos que são atacados na internet possuem culpa, mas sabemos também muitos podem não ter culpa. Para evitar isso é que é bastante razoável que puna quem agride algum candidato na internet.

Comentários

  1. Achei por demais interessante seu blog
    E principalmente essa postagem.

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  2. Francisco Castro sempre com as suas ponderadas e corretas colocações. Excelente.

    O Projeto de Lei 5.498/09, de autoria do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) aprovado sob a relatoria do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA)visa exatamente equilibrar o poder econômico proibindo veiculação em páginas de empresas e spans. Mas é permitido o livre debate entre nós, meros e mortais blogueiros. Impõe ainda limites financeiros nos gastos dos candidatos e regras rígidas de ética e educação como colocações ofensivas.
    Muito oportuna tua notícia.

    Erick

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  3. Amigo Francisco,

    Esse é certamente um grande avanço,pois acredito que a exposição dos candidatos na net,é de certa forma um cerceamento para suas futuras condutas,acredito que a transparencia começa á tomar conta do cenário politico de nossa nação.

    Um forte abraço,amigo.

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  4. Não faço parte da imprensa e achi o projeto restritivo. Não é verdade que o cara pode denegrir quem quiser pela Internet em um blog. O blogueiro é responsável pelo que escreve e pelo que comentam em seu blog. Qualquer pessoa que se sentir ofendida (candidatos inclusive) podem processá-lo.

    A restrição fica clara quando se percebe que o projeto como está equipara a Internet as mídias TV e rádio e exigem que, para um debate, eu tenho que convocar todos os candidatos simultaneamente. Imaginando-se que existam milhares de candidatos a deputados e a vereadores, por exemplo; eu jamais poderia entrevistar um ou outro, convidá-lo para um debate com meus leitores ou qualquer outra coisa. Além de ter que chamar todos ou ceder igual espaço para todos (incluindo-se aí os nanicos dos partidos de aluguel);tenho que conseguir autorização de todos os partidos políticos e de todas as coligações antes de conseguir, pelo menos, 2/3 de candidatos que me autorizem a fazer um debate.

    Se numa empresa de grande mídia como a Globo isso já é impossível, como um simples blog conseguirá essa façanha?

    A restrição é prática e real.

    O mesmo se refere ao apoio a determinados candidatos. Dicamos que eu apóie o candidato "X". Coloco um banner dele gratuitamente em meu blog; no entanto, meu blog tem espaços publicitários ad-sense e afiliados diversos: estou proibido de fazê-lo. Pela lei eu "vendo espaços publicitários".

    Logo, todos os blogs profissionais estão de fora.

    As regras deveriam ser equiparadas a da imprensa escrita. Afinal de contas, todas essas restrições para TV e rádio devem-se ao fato de que esses meios de comunicação são meras conceções estatais e um blog, assim como um jornal não.

    Esse é o detalhe que faz toda a diferença. O autor do projeto e os que o modificaram não conhecem o funcionamento da rede e não se importaram em ouvir quem "faz blog" neste país.

    O projeto preocupou-se muito mais em liberar a captação de recursos para legalizar o caixa dois, limitar a atuaçãodo TSE (com medo de Joaquim Barbosa que o presidirá em 2010) e permitir que mesmo condenados concorram.

    Tanto o projeto é ruim que já se estuda modificá-lo no senado.

    Um abraço.

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  5. Aqui, como acolá, ou em qualquer parte do mundo, a democracia plena não existe. Temos de sobreviver da melhor maneira possível colando os cacos e as sobras ...

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  6. Francisco,

    Só o fato de trazer à baila um assunto que tanto tem nos feito esquentar a cabeça nos últimos anos, já é uma mostra de que está se mobilizando para promover mudanças.
    Independente do que está rolando no projeto de lei, acho que se nos mobilizássemos um pouco mais, é provável que lograríamos êxito em eleger um candidato que visse nos representar de fato.
    Na época da ditadura, muita gente fazia isto, às escondidas. Será que o sucesso de algumas empreitadas devia-se apenas ao gostinho pelo "proibido"? Acho que não.
    Penso até que estamos cansados se sermos feitos de palhaços, da manipulação dos votos no processo eleitoral eletrônico etc. Tem horas que parece que paira sobre as nossas cabeças o "tem mais jeito não" e, sem julgar e condenar ninguém de inércia - porque lutar contra corruptos em todas esferas, só escapando os céus, é coisa para super-herói - penso que desviamos o foco do "vamos fazer alguma coisa".
    Se cada um de nós, membros de uma rede social, estabelecêssemos um alvo, para apoiar um candidato, ainda que em nossos Estados, enfim, tentarmos alguma coisa, já terá valido a pena. A Internet é uma grande ferramenta, se usada de forma inteligente, com ou sem restrições da lei. Se os corruptos conseguem brechas nas leis, porque nós os inteligentes, criativos, pessoas de bem, que aspiramos mudanças, não fazemos o mesmo?

    Abraço,

    Do amigo,

    Antonio

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