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A carga tributária e a vida das pessoas


A carga tributária que incide sobre os brasileiros é excessivamente alta e nos transforma em refém ou escravo de um sistema em que parece que não existe limite para aumentar esse sacrifício que somos submetidos. Então, para onde vai tanto dinheiro que o governo arrecada dos cidadãos? Quantos dias de trabalho são necessários para que possamos pagar tantos impostos? Será que os impostos são cobrados de forma justa no que diz respeito a renda de cada pessoa?

O Instituto de Pesquisas Econômica Aplicadas (IPEA) apresentou um trabalho no qual são reveladas várias informações no que diz respeito aos impostos que os brasileiros pagam para o setor público. Segundo o IPEA, no ano de 2006 os não proprietários pagaram de impostos cerca de 25% dos seus rendimentos, enquanto que os proprietários pagaram naquele ano o equivalente a 13,6 de seus rendimentos.

Segundo estimativas do IPEA, em 2008, a carga tributária bruta foi de 36,2% do PIB. Caso fosse dividida de forma igual para todos os brasileiros equivaleria a 132 dias do ano. Entretanto, sabemos que conforme o perfil da renda das pessoas se altera, o peso dos impostos também se altera. A principio seria de supor que os que possuem maiores rendimentos pagassem mais impostos em termos proporcionais aos seus rendimentos. Isso é o que se deve esperar para melhorar a distribuição de renda e compatibilizar a capacidade de se pagar os impostos com os rendimentos dos cidadãos. Mas, infelizmente, não é o que se encontra na realidade.

Conforme o nível de renda das pessoas diminui, mais impostos essas pessoas pagam em termos de seus rendimentos. As pessoas com rendimentos de até dois salários mínimos 55% de seus rendimentos são pagos em impostos, o que correspondem a 197 dias do ano; quem ganha de 2 a 3 salários mínimos a carga tributária é de 42% de seus rendimentos, correspondendo a 153 dias; quem ganha de 3 a 5 salários mínimos a carga tributária é de 37,4% de seus rendimentos, correspondendo a 137 dias; quem ganha de 5 a 6 salários mínimos a carga tributária é de 35,3% de seus rendimentos, correspondendo a 129 dias; quem ganha de 6 a 10 salários mínimos a carga tributária é de 35% de seus rendimentos, correspondendo a 128 dias; quem ganha de 10 a 15 salários mínimos a carga tributária é de 33,7% de seus rendimentos, correspondendo a 123 dias; quem ganha de 15 a 20 salários mínimos a carga tributária é de 21,3% de seus rendimentos, correspondendo a 115 dias; quem ganha de 20 a 30 salários mínimos a carga tributária é de 31,7% de seus rendimentos, correspondendo a 116dias; e quem ganha acima de 30 salários mínimos a carga tributária bruta é em torno de 29% de seus rendimentos, correspondente a 106 dias.

O que se deve indagar é sobre a destinação dos recursos arrecadados dos sacrifícios das pessoas. Considerando as pessoas em geral que contribuíram para o governo no ano de 2008, serão apresentados os quantitativos de dias que as pessoas destinam no ano para custear os principais gastos com programas sociais do governo federal. Para o sistema de Previdência Social são destinados 23,8 dias, para o sistema de previdência do setor público federal são 7,6 dias, para o sistema de saúde público são destinados 5,2 dias, para os programas de educação são destinados 3,7 dias, para os programas de assistência social são 3,4 dias e para o Seguro Desemprego e PIS/PASEP são destinados 2,7 dias. Evidentemente, existem outros gastos do governo que não constam acima tais como os gastos com salários do funcionários públicos e com investimentos do governo além dos gastos sociais das outras esferas de governo. O que se deve salientar é que em 2008 em torno de 17% de toda arrecadação do três níveis de governo foram destinados ao pagamento de juros da dívida do setor público, o que correspondeu a quase 21 dias do ano que todos nós destinamos para o pagamento de juros da dívida pública.

O governo arrecada de forma péssima e acima da real capacidade dos brasileiros pagarem, além de ser muito concentrador de renda a sua forma de arrecadação é ineficiente porque incide muito sobre os produtos e pouco sobre a renda. Essa forma de arrecadação deveria ser melhorada, incentivando a produção. Um dos itens que não deveria constar como integrante da carga tributária é o que corresponde à Previdência Social porque as contribuições são destinadas exclusivamente ao pagamento dos proventos das pessoas que contribuem, entretanto, como essa contribuição entra na metodologia da contabilidade da carga tributária bruta então devemos considerá-la como tal. Devemos nos ater para o alto valor e tempo que os brasileiros destinam ao pagamento de juros da dívida pública, são recursos que são destinados para os donos do dinheiro que foi emprestado ao setor público em determinados momentos, mas que nos deixam reféns desses pagamentos deixando sem recursos para atender necessidades em diversas áreas sociais.

Comentários

  1. você deixou bem claro, onde são investidos o nosso dinehiro e para concluir, a saúde e a educação, como sempre sempre em condições precárias, posso dizer horiveis, pagamos impostos mais no momento da doença, precisamos pagar tudo, no momento dos vestibulares precisamos pagar cursinhos ou estudar em colegios particulares, ou você estará preste a ser excluido da sociedade dos universitários.

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