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O perfil dos trabalhadores no setor de segurança no Brasil

Nos dias atuais tem-se uma necessidade bastante grande de serviços de segurança, seja pública ou privada. Dada a grande violência existente em praticamente todos os lugares de nosso país e, como conseqüência, a alta probabilidade de se sofrer algum tipo de violência, a sociedade brasileira investe muito em serviços de segurança e estes passaram a ter muita importância para praticamente todas as pessoas. Qual o perfil das pessoas que trabalham no ramo da segurança? Quem oferta mais seguranças, o setor público ou o privado? Quais são os maiores salários?


O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (IPEA), publicou um trabalho no qual analisa o perfil das pessoas que trabalham no setor de segurança pública no Brasil nos últimos anos. No período de 1997 a 2007, o número de pessoas que trabalhavam na segurança em geral cresceu 46,4%, passando de 962.720 para 1.409.136 pessoas. A maior parte desse aumento ocorreu no setor privado que passou de 368.556 para 640.816, um aumento de 73,9% enquanto que o setor público passou de 594.164 para 768.320, um aumento de 29,3% no mesmo período. No setor público, atualmente, o número de pessoas que trabalham na segurança está concentrado no segmento estadual (policias civil e militar), com 70,8%, sendo seguido pelo municipal (guardas civis), com 26,1% e pelos federais (polícias federal, rodoviária federal e ferroviária federal), com 3,1%.


O sistema é majoritariamente masculino, com 90,3%, sendo que no setor privado a presença masculina é ainda mais forte, com 96,9%. A idade média é de 39,3 anos no setor público e 38,0 anos no setor privado. O tempo médio de estudo do setor público é de 10,5 anos, tempo insuficiente para garantir o ensino médio completo, embora existam 11,5% que continuam estudando. No setor privado, o tempo médio de estudo é de apenas 8,1 anos, tempo suficiente apenas para completar o ensino fundamental, com apenas 6,0% que continuam estudando. Mesmo no setor público existe disparidade no nível de escolaridade, os que trabalham no nível federal possuem, em média, 12,8 anos de estudo, os que trabalham no nível estadual possuem, em média, 11,4 anos de estudo e os que trabalham em nível municipal possuem, em média, 7,6 anos de estudo.


O tempo médio de ocupação é de 11,7 anos das pessoas que trabalham na segurança no setor público, sendo que no nível estadual é de 12,9 anos, em média, no nível federal é de 10,9 anos e no municipal é de 8,2 anos. O tempo médio de trabalhadores da segurança no setor privado é de 4,2 anos, isso mostra que os vigilantes não possuem uma estabilidade razoável em seus empregos. Dos trabalhadores do setor público, 49,4% trabalham exclusivamente durante o dia e 31,5% trabalham exclusivamente no período noturno. No setor privado, 37,3% trabalham exclusivamente no período da noite. A carga horária dos trabalhadores do setor público é, em média, 43 horas semanais, enquanto que os trabalhadores do setor privado fica em torno de 46 horas.


Os níveis de salário são bastante diferentes, dependendo do setor ou da esfera de governo em que o trabalhador trabalhe. Em valores de dezembro de 2008, o salário médio dos trabalhadores da área de segurança no setor público era de R$ 1.627,19, enquanto que os trabalhadores dessa área no setor privado tinham um salário médio de apenas 740,08 também em valores de dezembro de 2008. Os trabalhadores das policias federais recebiam, em média, R$ 4.475,62 enquanto que os das polícias estaduais recebiam, em média, R$ 1.834,02 e os municipais recebiam, em média, R$ 739,56. Esses valores são acrescidos, evidentemente, da chamada remuneração não-monetária, como todos os trabalhadores com carteira assinada, tais como vale alimentação, vale transporte, vale cesta, etc.


Infelizmente, pelos mais diversos motivos, a sociedade brasileira está refém dos problemas causados pela falta de segurança em nosso país. Observa-se que se tem investido bastante em segurança, tanto pública como privada, entretanto, os serviços oferecidos são bastante precários evidenciados pela baixa escolaridade e pela muito baixa remuneração da maior parte das pessoas que cuidam da segurança em nosso país. A disparidade do nível de escolaridade entre as pessoas que trabalham no setor privado e das polícias federais é extremamente alta. Esperamos que a segurança, tanto a pública quanto a privada, seja tratada com muito mais respeito em que os seus trabalhadores sejam mais valorizados e treinados e que ao mesmo tempo as pessoas em geral sejam tratadas com respeito, sem terem os seus direitos violados, com o direito à liberdade plena seja assegurado.

Comentários

  1. É amado, trabalhei muitos anos nesta área, e posso de cadeira dizer que tanto os profissionais do estado como os "particulares", ambos não tem preparo profissional a altura do relevante serviço a ser prestado há sim, aproveitadores que se dizem profissionais e na hora do vamos ver...
    Os salários divergem muito conforme a situação do contratante, absurdos em cima de absurdos.
    Hoje o treinamento deveria ser voltado a um treinamento de guerrilha que na verdade é a atual realidade dos grandes centros urbanos.
    A paz

    ResponderExcluir
  2. Salve, Confrade!
    Eu estava preparado para dizer, o que sintetizou o irmão Carlos, no que diz respeito `a preparação e remuneração de profissionais dessa área; porém, acredito que a imensa maioria do problema da segurança reside em dois fatores fundamentais: 1- O completo descaso com o ensino público, numa farsa acintosa do: FAZ-DE-CONTA-QUE-HÁ-ENSINO-PÚBLICO e: 2- A sociedade Brasileira foi treinada, desde sempre, no acomodar-se no papel covarde do: A-CULPA-É-TUA! (No caso, do Governo) Sem se organizar de maneira moralmente ética e resultante, para minimizar - pelo menos - essa ferida podre e cancerosa que corrói a cada dia, o nosso cotidiano!
    Por favor, perdoe-me a acidez de minha necessária e sincera franqueza.
    Agradeço por sua leal amizade!
    Um abraço.
    Deste sempre seu Confrade: Max Costa

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