Pular para o conteúdo principal

O micro-crédito e o desenvolvimento de nosso país

O crédito é o motor da economia em todos os sentidos, com o crédito o consumidor pode comprar bens e serviços em valores acima da sua renda mensal e com o crédito os produtores de bens e serviços podem produzir acima da capacidade de seu capital próprio. Para as grandes empresas o crédito é relativamente fácil, mas para os pequenos empreendedores existem algumas facilidades tanto do ponto de vista de burocracia quanto de taxas de juros a serem pagas?


No Brasil, existem diversos tipos de programas de créditos que atendem as pequenas empresas e aos pequenos empreendedores. Um desses programas (que é o maior programa de micro-crédito no Brasil) é o CrediAmigo do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) que atende empreendedores residentes em áreas cobertas pelo banco, todo o Nordeste e uma parte de Minas Gerais e outra parte do Espírito Santo. Em um levantamento realizado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que entre outras coisas analisou o desempenho dos clientes do CrediAmigo (notadamente pequenos empreendedores, sejam empregadores com muito poucos empregados ou trabalhadores por conta própria que trabalham sozinhos ou com alguns membros da família em um negócio próprio) descobriu ganhos bastante consideráveis desses empreendedores advindos dos empréstimos desse programa. Comparando-se os ganhos obtidos pelos trabalhadores da região representados pelo salário médio da região com os lucros obtidos dos empreendedores que buscaram o empréstimo nesse programa do BNB, tem-se um valor praticamente equivalente ao dobro dos últimos em relação aos primeiros. Enquanto o salário médio da região era de R$ 850,00 ao mês, os lucros médios obtidos nos negócios dos tomadores de empréstimos do CrediAmigo eram de R$ 1.711,00 ao mês.


Um programa de micro-crédito para ser bem sucedido é necessário que ambas as partes envolvidas saiam ganhando. Um dos pontos fundamentais para se obter sucesso é que a taxa de juros cobrada não seja alta e que não exista subsídios nos empréstimos. No caso do CrediAmigo, o lucro do banco é positivo, entretanto, os juros cobrados dos tomadores são muito baixos, cerca de R$ 50,00 ao ano, proporcionando uma relação de ganhos para ambas as partes envolvidas. Esse programa é um sucesso e já completou dez anos de existência com uma taxa de crescimento de cerca de trinta por cento em número de clientela. Uma face mais visível da melhora de vida dos tomadores de empréstimos desse programa está relacionada com o aumento do consumo das famílias clientes do programa, mostrando que houve uma melhora no padrão de vida das famílias dessas pessoas.


Segundo o levantamento da FGV, os pequenos negócios que optaram pelos empréstimos tiveram aumento na receita e no lucro em torno de 35% entre o primeiro empréstimo e o último, um aumento de cerca de 15% no consumo das famílias e a concomitante diminuição da dependência de outras fontes de renda, tais como Bolsa Família, outras políticas de rendas e subsídios. Evidentemente que os programas assistenciais servem como uma espécie de garantia de pagamento para muitos empreendedores, o que de uma certa forma viabiliza o pagamento de juros tão baixos. Esse programa do BNB tem sido um sucesso por levar crédito barato sem subsídio às pessoas que querem investir em pequenos empreendimentos. O seu sucesso foi reconhecido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com o prêmio de melhor experiência de micro crédito regulado do continente americano.


Os sistemas de micro-crédito é uma das formas mais importantes para gerar renda, trabalho, negócios e proporcionar empreendedores e empresários de sucesso. Para isso, é muito importante que essas pessoas seja assistidas com consultorias gratuitas de profissionais das mais diversas áreas que possam orientá-lhes a respeito de diversas formas de tomadas de decisões e outras técnicas de negócios, de produção, etc. Quantas pessoas que existem em nosso país que se forem dadas condições, capacidade e técnicas não poderiam se tornar grandes empreendedores e gerar empregos e renda para muitas outras pessoas? É muito importante que sejam oferecidos meios para que as pessoas possam mostrar as suas vocações em um negócio próprio de sucesso. Espero que esse programa do BNB seja ampliado e que outros nos mesmos moldes sejam criados e ampliados porque o nosso Brasil precisa crescer, aumentar, diminuir o nível de pobreza e aumentar o bem estar da nossa população. Esse programa de micro-crédito está mostrando o caminho para um desenvolvimento sustentável, devemos seguí-lo a passos largos.

Comentários

  1. Olá, Francisco,

    Gostei do seu texto e quero saber se posso publicá-lo em meu blog do microcrédito. Venha conhecê-lo (www.microcredito.blog.br), e se autorizar, eu o trancreverei, citando sua autoria. Vamos fazer links mútuos entre nossos blogs?

    Grande abraço.

    Edmar Prandini

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Colunista do Globo diz que Bolsonaro tentará golpe violento em 7 de setembro. Alguém duvida?

Em sua coluna publicada neste sábado (11) no  jornal O Globo , Ascânio Seleme afirma que, "se as pesquisas continuarem mostrando que o crescimento de Lula se consolida, aumentando a possibilidade de vitória já no primeiro turno eleitoral, Jair Bolsonaro vai antecipar sua tentativa de golpe para o dia 7 de setembro".  I nscreva-se no Canal  Francisco Castro Política e Econom ia "Será uma nova setembrada, como a do ano passado, mas desta vez com mais violência e sem freios. Não tenha dúvida de que o presidente do Brasil vai incentivar a invasão do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. De maneira mais clara e direta do que em 2021. Mas, desde já é bom que ele saiba que não vai dar certo. Pior. Além de errado, vai significar o fim de sua carreira política e muito provavelmente o seu encarceramento", afirmou Seleme.  O colunista lembrou que, "em 7 de setembro do ano passado, Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de canalha, disse que n...

Tiraram a Dilma e o Brasil ficou sem direitos e sem soberania

Por Gleissi Hoffimann, no 247 Apenas um ano após o afastamento definitivo da presidenta Dilma pelo Senado, o Brasil está num processo acelerado de destruição em todos os níveis. Nunca se destruiu tanto em tão pouco tempo. As primeiras vítimas foram a democracia e o sistema de representação. O golpe continuado, que se iniciou logo após as eleições de 2014, teve como primeiro alvo o voto popular, base de qualquer democracia e fonte de legitimidade do sistema político de representação. Não bastasse, os derrotados imediatamente questionaram um dos sistemas de votação mais modernos e seguros do mundo, alegando, de forma irresponsável, “só para encher o saco”, como afirmou Aécio Neves, a ocorrência de supostas fraudes. Depois, questionaram, sem nenhuma evidência empírica, as contas da presidenta eleita. Não faltaram aqueles que afirmaram que haviam perdido as eleições para uma “organização criminosa”. Essa grande ofensiva contra o voto popular, somada aos efeitos deletérios de ...

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...