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A qualidade do desenvolvimento do Brasil é boa?

Ao se ouvir falar ou ler o termo “desenvolvimento econômico” a maioria das pessoas não sabe o seu verdadeiro significado e nem o que consiste. Então, o que é mesmo desenvolvimento econômico? Qual a qualidade do desenvolvimento econômico do Brasil nos últimos anos? É possível obter uma medida para o desenvolvimento econômico? Qual a sua composição e o que se mede para obter um grau de desenvolvimento para o nosso país?


Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elaborou um índice que mede a qualidade do desenvolvimento brasileiro. Esse índice, chamado de Índice de Qualidade do Desenvolvimento (IQD), mostra se o nosso desenvolvimento tende a ser bom ou ruim. O IQD é composto por três índices: o índice de qualidade do crescimento (composto pela produção, massa salarial, confiança dos empresários e meio ambiente), índice de qualidade da inserção externa (composto pelas transações com o exterior como exportações, investimentos externos, etc.) e pelo índice de qualidade do bem-estar (composto pela taxa de pobreza, mobilidade social, desigualdade de renda, desemprego e ocupação formal). Cada um desses índices mede de 500 (quando tudo está ótimo) e zero (quando tudo está péssimo). A média desses três índices forma o IQD, que também varia de 500 a zero.


A medida do IQD pode ser feita por escala da seguinte forma: de 400 a 500 apresenta-se como ótimo mostrando que existe significativo crescimento econômico com distribuição de renda e inserção no exterior, de 300 a 400 apresenta-se bom com menor crescimento econômico alguma distribuição de renda e pouca melhoria na distribuição de renda, de 200 a 300 apresenta-se instável com a distribuição de renda, crescimento e inserção externa não evoluem na mesma direção, de 100 a 200 apresenta-se como ruim com baixíssimo crescimento, sem distribuição de rena e piora na inserção externa e de zero a 100 apresenta-se como péssima onde há um retrocesso econômico e social e existe declínio no desenvolvimento.


Analisando-se os dados de janeiro de 2009, o IPEA obteve os seguintes números: 222,8 para o índice da qualidade do crescimento econômico, caracterizando como instável; 182,4 para o índice de inserção externa, caracterizando com ruim e 287 para o índice de qualidade do bem-estar, caracterizando como instável mas próximo de bom. Isso leva a um IQD de 225,4 que se enquadra como instável. Como se ver, o único índice que se aproxima de bom é o de bem-estar social proporcionado, principalmente pelos programas sociais do governo como o aumento de salário mínimo acima da inflação e a Bolsa Família. Os outros dois, tanto o que se refere à inserção externa como o crescimento econômico, apresentam condições altamente desfavoráveis.


O IQD, juntamente com os índices que o compõe, teve seus níveis mais favoráveis entre o final de 2007 e início de 2008, a partir de então só vem piorando, chegando em janeiro de 2009 a um número muito próximo da escala caracterizada como ruim, situação muito diferente da encontrada em dezembro de 2007 quando esse índice apresentava 325, numa posição considerada boa. Entre os principais motivos para essa queda na qualidade do nosso desenvolvimento podem-se destacar o fraco desempenho da nossa indústria de bens de capital a partir de março de 2008 com uma queda na produção física de 35%, queda na produção de bens de consumo em 17%, diminuição na folha de salário da indústria em 11,8%, queda de 36% na confiança dos empresários entre agosto de 2008 e janeiro de 2009, queda nas exportações de US$ 10,3 bilhões entre julho de 2008 e janeiro de 2009 e queda nas reservas internacionais de US$ 19,6 bilhões entre outubro de 2008 e janeiro de 2009.


O nosso país sempre foi carente em termos de desenvolvimento, pelos menos na década de 1980 e 1990, mas quando estávamos entrando num caminho que nos levaria para o desenvolvimento sustentável vem uma crise internacional e afeta de forma razoável essa trajetória que se iniciou há alguns anos. Segundo o que vimos acima, estamos numa situação em que o nosso grau de desenvolvimento tenderá apresentar uma piora até o final deste semestre, entretanto, espera-se que pelo menos a maior parte dos componentes do IQD apresente melhora razoável no decorrer do segundo semestre deste ano. É de se esperar que itens como confiança dos empresários, taxa de emprego, investimento estrangeiro, produção, meio ambiente, entre outros terão evolução positiva no segundo semestre o que elevará a qualidade de nosso desenvolvimento.

Comentários

  1. muito interessante sua materia .. se a qualidade é boa esperamos melhora no segundo semestre.valeu!

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  2. Olá Amigos do diHITT estou aqui fazendo uma visita a todos desta comunidade maravilhosa onde podemos nós conhecer e um ajudar o outro deixo uma maravilhoso fim de semana com a benção de Deus espero uma visita de vcs nos meus cantinho Antonio.


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